início | grupo | acções | editora | mala | newsletter | fotos | talentos | recensão | links | blog
:: voltar ::
Alda Areal
 
Culinária com cores de Televisão

Alda Areal tem no currículo dezenas de programas que produziu para a RTP, TVI e produtoras privadas durante duas décadas. Há um ano e meio largou o ecrã e dedicou-se a outra paixão: a Culinária. Hoje deslumbra com as suas delícias gastronómicas quem encomenda comida para uma festa ou refeições de todos os dias, e até Cafés que têm licença para servir, mas não para confeccionar.

Mas a Alda ainda tem tempo para dar aulas de Artes Plásticas a crianças do 1º Ciclo, nas Actividades de Enriquecimento Curricular, ir aos Serviços de Pediatria dos Hospitais contar histórias pela Fundação do Gil, fazer voluntariado nocturno na Casa do Gil, ser sócia fundadora de uma Associação Cultural sem fins lucrativos, entre várias outras coisas... mas o tempo de conversa foi pouco para tantas vontades de fazer a vida...

 

FL - Dizes ser uma mulher do Norte. Sentes-te mesmo como tal?

AA - Sinto-me uma mulher do Norte. A origem da minha família vem daí. É do Minho. Então acho que herdei aquela alegria dessas pessoas, tal como aquele lado de trabalho que as caracteriza. Depois a minha mãe é de Lisboa e dela herdei aquele lado divertido dos lisboetas, que é o gostarem de receber, de estar com os amigos (tal e qual como as pessoas do Norte); por isso, acho que sou a mistura dessas duas coisas: que é o gostar de trabalhar, de ser vaidosa com as coisas que faço, e depois ter a leveza que acho que as pessoas do Sul têm.

Por outro lado, no Norte existe uma coisa de tradição: quando se é amigo é-se eternamente... Acho que nisso sou “do Norte”: os meus amigos são de muitos anos, não sou nada do género de pessoa de ser “conhecida de...”, sou-o, mas à minha casa só vão os meus amigos e aí acho que sou uma pessoa do Norte, de quem tem a construção de raízes diferentes.

 

FL - E a maneira de conhecer, de receber, aliás, a maneira de cozinhar para as tuas visitas vem mais dos teus genes nortenhos?

AA - Ah sim, sem dúvida que vem. É o gozo de ter gente em casa, é o gozo das grandes conversas, das conversas muito animadas que às vezes parecem discussões, tudo muito animado a falar, pois acho que as pessoas do Norte são mais empolgadas e mais convictas…

FL - Ou são mais abertas?

AA - Acho que sim. Que são muito verdadeiras, no sentido de que quando gostam, gostam para sempre e recebem para sempre e estão disponíveis para sempre, enquanto as do Sul agem mais por conveniência - se agora é conveniente ser amigo de alguém é bom ser assim. As do Norte são mais verdadeiras.

 
Magias, Retornos e Diversão
Para ela tudo tem um retorno, que nem sempre tem que ser imediato. Mas que da TV como da Culinária, tem que ser em qualidade – e a boa diversão tem de estar sempre presente.
 
FL – Como é que se passa de vinte anos a fazer produção para televisão, para o mundo dos tachos e panelas?
 

AA –Tem a ver com as paixões. A televisão e a culinária são paixões de… desde a altura que eu era mínima. Tinha para aí seis, sete anos e lembro-me de adorar cozinhar e adorar estar a ver televisão com a minha avó paterna e querer mandar fazer programas. […]

Lembro-me quando era miúda com os meus primos (e nós ainda éramos bastantes), de inventar brincadeiras, teatros, era uma representação permanente de diversões e daquilo que via na televisão. Depois era o fascínio, era aquela cretinice de ver as séries como o “Bonanza” e achar que as pessoas cresciam dentro daquela mágica, e apanhava fúrias desgraçadas porque não percebia porque é que numa semana eles eram mínimos e na semana seguinte já estavam a caminho da tropa.

 

Então a televisão era uma mágica. Cozinhar é também mágico, é transformar as coisas, que depois nos dão prazer. Tal como a televisão que é também um trabalho que dá prazer a quem faz e dá prazer a quem vê , além de que… são produtos que nos obrigam a reflectir, tal como a alimentação, não é? Se nós comermos coisas más ou se não tivermos algum cuidado também pode ser muito mau para a nossa saúde, mas se houver um equilíbrio entre aquilo que se faz para televisão ou aquilo que se faz a nível de cozinhados as coisas são muito divertidas.

Acho que a essência das minhas paixões é a diversão e o prazer. Tal como durante esses anos todos em que fiz televisão, este tempo agora mais contínuo das refeições é o prazer que me move de ver o prazer dos outros quando provam os meus cozinhados (sei lá, um guacamole ou uma tarte de maçã... ), e é uma continuação de prazeres. Acho que as pessoas sentem isso e percebem quando as coisas são feitas com qualidade e com prazer - quem recebe o que produzimos, recebe como nós o estamos a fazer. Acredito que seja assim.

FL - Para esclarecermos melhor: tu, neste momento, és de novo produtora mas de comidas, e acabas por boa parte das vezes não assistir quando as pessoas estão a usufruir do teu produto.

AA - Não, às vezes não estou, aliás, a maior parte das vezes não estou.

FL - Um pouco como na televisão.

AA - É, mas depois há o retorno – percebo que as pessoas gostam porque voltam a encomendar e vão passando a palavra aos amigos, vão dizendo que há não sei quem que gosta de cozinhar e que faz qualquer coisa de que gosta muito – e isso é muito bom porque é uma forma de eu passar aos outros muito do prazer que tenho a cozinhar e de ser divertido.

Por exemplo: eu não sei muito sobre cozinha oriental, mas de há um tempo para cá tenho começado a ler sobre o tema e uma das coisas que acontece, eu acho, naquilo que faço, é muito a essência dos orientais, é o prazer, é o retorno - havendo amigos de amigos que vão encomendando refeições ou jantares de aniversário ou o que seja... é muito esse retorno da tranquilidade que eu tenho a cozinhar, da tranquilidade que eu tenho a organizar, porque... se se é produtor durante muitos anos, fica uma disciplina do tipo “é só uma grama de arroz e é só mesmo uma grama de arroz”.

Ninguém precisa de comer quinhentas gramas de arroz. E é muito bom porque também vou passando a importância do que são os alimentos, quer na qualidade, quer na forma como se deve cozinhá-los, pelo prazer e sem ser pelo excesso, o que acho fundamental.

 
Equilíbrio, Sim; Excesso, Não
Comida saudável sem dúvida, mas também McDonald’s, ou, na TV, a “Floribela” ou os “Morangos...” – há espaço, condicionado, para tudo.
 

FL – Tens uma preocupação real, e de há muitos anos, pela cozinha saudável; estavas a mostrar-me há pouco um livro que compraste em... 1978!

AA – É verdade. Já nessa altura eu tinha essa noção, e é bom perceber ao fim de alguns anos (porque tenho quarenta e quatro e na altura teria vinte e e seis) que já me preocupava com algo que continuo a considerar fundamental: as pessoas podem ter todo o tipo de vícios, de prazeres, mas que se forem minimamente controlados no sentido de não nos provocarem mal, nem mau estar, podemos fazer tudo.

No fundo, a alimentação é muito isso. Podemos comer bifes óptimos com batatas fritas, mas não é preciso o excesso das gorduras, não é preciso o excesso das coisas que às vezes as pessoas fazem a nível alimentar. Além disso, é importante que haja a preocupação de dar o lado divertido das coisas… As crianças, por exemplo... Lembro-me dos meus sobrinhos quando os obrigava a comer as coisas que fazia há muitos anos, eram como que as minhas cobaias. Era do tipo: “Ah, mas eu não gosto de legumes”, mas depois os legumes apareciam de uma forma muito divertida, tudo muito colorido... e eles até nem refilavam.

Porque acho que o fascínio na alimentação passa também pela cor. A cor é fundamental, e depois se houver algum cuidado na composição do prato, é tudo muito bom; as pessoas ficam encantadas com o que estão a ver, depois a provar, a seguir a saborear, porque é um todo...

FL – Transpondo para a TV, achas que, com o rumo que as coisas tomaram, é hoje possível apresentar uma televisão com essas mesmas características que defendes para a cozinha saudável, ou seja, que é possível passar coisas interessantes sem promover excessos?

 

AA –Acho que sim. Lembro-me quando os McDonald’s vieram para Portugal, era a grande excitação. Hoje, as pessoas já percebem que se ingerirem todos os dias daquela comida estão a fazer mal à saúde.

Em relação à televisão, acho que se todos os dias as pessoas virem programas que são menos bons ou novelas que levam as nossas crianças a seguir caminhos um bocadinho absurdos, mais cedo ou mais tarde vão perceber que aquela não é a melhor via.

Podem fazer à mesma televisão, podem as crianças pensar, no caso dos “Morangos”, falar daquelas coisas todas de uma forma mais interessante, sem ter que utilizar aquela linguagem que ninguém percebe a não ser eles, falar de assuntos sérios de uma forma muito vulgar e levar as pessoas a reflectir fazendo as mesmas coisas.

Se nós levarmos os outros a reflectir sobre o que nos acontece, sobre o que é a nossa vida, a televisão acaba por ser fundamental porque nos ensina a fazer coisas interessantes, em vez de ensinar, por exemplo, a pintar “graffitis” nas paredes ou nas casas dos outros, em vez de pintarmos nas nossas próprias casas, ou seja, o que eu quero dizer com isto é: lembro-me de aparecerem notícias nos jornais por causa dos graffitis, de miúdos que foram apanhados e justificaram-se dizendo que viram nos “Morangos”. Podem fazer graffitis, mas vão fazer lá para a casa deles em vez de andar a estragar as coisas dos outros. Ou seja, se cada um for responsável pode fazer as coisas de forma a que as outras pessoas não se sintam lesadas.

Portanto: acho que sim, acho que é possível fazer televisão com qualidade, apesar de que a televisão com qualidade implica mais custos, obriga as pessoas a reflectir e provavelmente as pessoas neste momento andam tão cansadas na vida delas que o que querem é não pensar, e dar “Floribellas” e “Morangos com Açúcar” aos filhos é uma forma de não ter que comunicar ou de não terem de partilharem as preocupações com as crianças, nem estas com os pais.

Depende muito da estrutura de cada família, porque também há pais que deixam os miúdos ver determinadas coisas, mas não vêem 24 horas a mesma coisa, podem ver os “Morangos” como todos os colegas da escola ou do liceu vêem, ou a “Floribella” que é uma coisa mais de bebézola, mas não estão a ver as séries seguidas da “Floribella” antes do almoço, depois do almoço, antes do jornal, depois do jornal… Eu não tenho filhos, mas se os tivesse de certeza que os levaria ao McDonald’s, mas com certeza que não todos os dias. Porque o McDonald’s, os “Morangos” ou a “Floribella” fazem parte das nossas vidas, só que dava-as em doses moderadas aos meus filhos.

FL - Temos, hoje, basicamente uma fast TV?

AA - Acho que é isso. Com uma outra coisa que eu acho que é grave: o facto de as pessoas quererem todas ser famosas... aquela coisa de aparecer na televisão. Deve fazer bem a algumas pessoas mas depois há outras que não estão preparadas para quando deixam de; isso aconteceu com alguns programas da TVI, de celebridades e essas coisas todas, as pessoas não estavam preparadas para estar lá e depois quando deixaram de estar de ser reconhecidas houve quem ficasse mal da cabeça, porque julgavam que aquilo era eterno, e não é...

A televisão é um produto para ser visto, utilizado e depois vai para o lixo e retém-se uma ou outra coisa, mas tem que ser muito boa para ficar. O que às vezes fica são as coisas muito más, a necessidade da coscuvilhice da vida dos outros, as tricas, o corriqueiro, e do que é importante saber não se fala porque é complicado. É o que eu acho que às vezes acontece com os pais, falar de sexualidade com os filhos pode ser complicado; assim eles vão ouvindo aquelas barbaridades de que às vezes se fala nos “Morangos” e… não é?

E as crianças ou os adolescentes crescem a achar que as coisas são assim, a não pedir se faz favor, a não agradecer… Uma quantidade de valores que apesar de tudo acredito que alguns pais ainda vão passando aos filhos: pedir por favor, dizer obrigada, não ser mal-educado, não chegar atrasado. São coisas que eu acho que a televisão pode dar. Por outro lado, neste momento acho que o mercado faz com que... quanto mais fraco for o produto, mais audiências tem, então mais dinheiro dá para quem faz publicidade.

FL - Ou seja: mais do bom, fica para trás... Na verdade, as pessoas têm pouca noção da volatilidade dos media. Há dias li um editorial do Vítor Rainho na Tabu, do Sol, em que ele dizia que às vezes as pessoas acabam por esquecer-se que o jornal no qual trabalhamos com tanto afinco durante uma semana vai cobrir o chão no dia seguinte a quem está a pintar a casa. Penso que houve um momento na nossa televisão em que se criou essa quase ideia de que era possível as pessoas serem famosas para sempre a partir do primeiro minuto em que apareciam no ecrã. Parece-te que essa ideia estará a mudar? Ou talvez não?

AA - Acho que não, porque continua a haver notícias - e a semana passada aconteceu uma: um comentador da SIC que no programa da Fátima Lopes (não vi o programa e li a notícia na diagonal no jornal) terá dito que tinha roubado num supermercado. Considero isto vergonhoso: uma pessoa que está em directo, a saber que existem milhares de pessoas a vê-lo, ousar, mesmo apelando ao facto de ser uma pessoa frontal, que diz tudo o que pensa, afirmar que foi a um supermercado, roubou batatas fritas ou bolachas durante o e depois que não pagou. Quero dizer, ele até podia abrir os pacotes das bolachas, das batatas fritas, do que fosse, mas depois chegava à caixa e pagava. Ou seja, o que eu acho é que as crianças ao ouvirem isto e vão pensar que elas próprias também podem fazer o mesmo sem serem punidas.

Parece-me que há coisas que são graves e que quem aparece na televisão (com o título de comentador, de analista, ou o que seja), tem de ter cuidado, porque nós não sabemos como é que a coisa depois chega aos outros. Tenho alunos, (eu neste momento também dou aulas a miúdos) que reagem e falam como se estivessem eles próprios naquelas novelas dos Morangos, das Floribellas e depois quando fazem mais disparates respondem do tipo “Ó professora, mas também o não sei das quantas”, (lá as personagens que eles sabem todos muito bem) "também faz!”. E o que eu acho que é perigoso é não haver pais que possam distanciar, dizer- lhes: “Isto é tudo a fingir, mas a vida e a realidade é esta.”

Isto é: é mais perigoso ainda que pessoas com responsabilidades públicas, como aquele comentador, dizerem que roubaram no supermercado, porque as crianças vão achar que podem fazer a mesma coisa. Correm o mesmo perigo quando vêem feridos nas novelas, que e no dia seguinte já estão óptimos; neste caso é mais grave, ou tomam comprimidos para se suicidar (“experimentar”) ou ficam ali com aquela ideia por resolver...

Tenho um aluno que fala disso como se fosse normal: pensa que se morre e que depois que se volta a nascer, um bocado como a banda desenhada japonesa que há para aí, que eu não sei o nome, em que eles se matam uns aos outros e depois no dia seguinte já estão outra vez todos inteirinhos. Nem sempre os miúdos conseguem distinguir a realidade da ficção, por isso acho fundamental que os pais, professores, avós ou quem quer seja que esteja com eles, explicar-lhes que aquilo é fantasia. E que há outras coisas que são importantes falar, há outras coisas que são importantes ver na televisão.

Há muitos anos, existiu um programa da BBC que considero extraordinário, que se chamava “A Caixa Que Mudou o Mundo”. Aí encontrávamos os opositores e os defensores da televisão. Pessoalmente, acho que a TV pode mudar, e pode ajudar. Imagino como se vivesse numa aldeia no interior, a não sei quantas centenas de quilómetros de uma cidade, iria adorar ter televisão ver as notícias, saber o que é que se passa no mundo, e também ver coisas que me ajudassem a reflectir, ou que tivessem alguma utilidade para melhorar a minha vida; imaginando que eu não tinha dinheiro para comprar livros, não tinha dinheiro para comprar jornais, era bom haver ali uma caixinha que me mostrasse outras coisas do mundo, que me desse… as coisas que os livros dão, ou que os jornais dão.

Recordo-me que havia coisas que eu adorava ver na televisão quando era minúscula (e continuo a lembrar-me, quando às vezes vejo alguns programas que são feitos agora) - : “Ah, isto acontecia quando eu tinha não sei quantos anos”; “Ah, isto era divertido”, ou outras referências, porque há coisas que ficam e que são importantes.
Considero que daqui poucos anos as pessoas já estão tão fartas das porcarias que vêem em televisão que começam a exigir qualidade. Isso acontece, por exemplo, com a RTP, que durante imenso tempo “não teve cuidado”, (entre aspas, mesmo), por isso tinha uma programação que era menos boa e tinha audiências fraquíssimas.

Hoje, a RTP está a fazer bons programas, tem tido uma atitude de evolução e as pessoas estão a ver cada vez mais a RTP, deixando de ver muito daquilo que temos estado a falar. Vão percebendo que há outras coisas, que a televisão serve também para entreter [ pelo lado bom ]. Há um programa recente da RTP, que eu acho graça, que é o Dança Comigo, é um prograna que as pessoas gostam de ver. Porque tem lá uns quantos famosos a dançar, vêem o esforço todo do famoso de preparação das aulas e, além disso, sem dúvida, as pessoas adoram dançar.

FL - Achas que isso é serviço público?

AA - Acho, acho… acho. Porque, ia dizer-te, na semana passada, eles fizeram um casting de pessoas que adoravam dançar. Foi uma coisa divertidíssima. Aquele programa teve gente desconhecida a dançar, a divertir-se e as audiências subiram imenso.

FL - Porque as pessoas querem rever-se nos outros…

AA - Também, também.

FL - A pessoa comum quer ver-se na televisão?

AA - Também, também. Além disso, acho que é normal as pessoas sairem e gostarem que alguém da rua delas as reconheça porque a viram na TV… Actualmente, se perguntarmos a quem quer que seja quem é que fez a segunda série do Big Brother, é provável que ninguém se lembre.

Lembram-se do primeiro porque foi o que gerou polémica, além daquela história ignóbil daquele homem bater numa mulher em público, e do rapaz que era muito frágil - o Zé Maria “das galinhas” e…

Sabes o que me parece? É que às vezes as pessoas acabam por se rever nestas personagens, que se identificam com elas. De alguma forma, como quando pegamos num livro e nos identificamos com algumas personagens, é passar para o outro aquilo que nós também somos, só que às vezes é perigoso, porque não se está preparado para isso.

 
O Prazer de Produzir – Coordenar, Decidir...
Se se é bom, é-se reconhecido – diz ela. Está bem nos bastidores, até porque considera a visibilidade incómoda.
 

FL - Para encerrar este capítulo da TV: nunca tiveste o secreto desejo de saltar dos bastidores e de também aparecer? Não seres “apenas” mais um nome no genérico final, que poucos lêem?

AA - Não, porque… Vou-te dizer porquê, porque para mim é muito melhor coordenar e decidir, e os produtores têm essa sorte. Mandam imenso, decidem imenso, e acabam por ser peças importantíssimas.

FL - Como os cozinheiros?!

AA - Como os cozinheiros, exactamente. Acho que o gozo de produzir coisas em televisão é ter um bom produto, é ter um programa que dê imensa audiência e depois os produtores são sempre reconhecidos. Quando fazes bom trabalho és também reconhecido, és também entrevistado, és também tudo!

E depois tens a sorte de não te chatearem no meio da rua quando não queres ser chateado e queres andar tranquilo. Por isso acho que há uma vantagem em estar do lado de trás das câmaras, é bom , mas claro também é óptimo ser-se reconhecido…

Acontecia quase sempre também – os programas serem reconhecidos, quer pelos conteúdos, quer pela forma como eram feitos, quer pela forma como eram produzidos, então isso era uma vaidade tremenda e era óptimo (e ainda por cima não tinha que lidar com o resto das coisas - é importante as pessoas perceberem que às vezes as figuras públicas detestam ser incomodadas, e o público não percebe isso, acha que como se é figura pública também pertence ao seu universo. E não!). As figuras públicas sofrem horrores e isso não me apetecia nada.

 
E no Teatro está o fundamental...
Outra das paixões é o Teatro, e com o actor/encenador João Mota aprendeu a mestria e a humildade (no melhor sentido) – e superou a timidez em se tratando do palco.
 

FL - Quanto à tua relação com o Teatro?

AA - O Teatro é uma paixão eterna. Tive a sorte de fazer o meu curso de Teatro na Comuna- Teatro de Pesquisa, foi o segundo curso a ser financiado pela CEE (na altura), com professores extraordinários, com o João Mota como director da companhia, que me ensinou coisas fundamentais para a minha vida, o respeito pelos outros… isto de termos estado a falar da importância das pessoas perceberem que há gente que não está preparada para determinadas coisas, ou que não é capaz de fazer determinadas coisas e que não tem mal, porque nem todas as pessoas que fazem Teatro têm que ser estrelas da Companhia, é tão importante serem as primeiras figuras como as figuras secundárias em determinado trabalho, ou serem os produtores ou serem os assistentes de encenação, ou os encenadores.

O importante no Teatro, ou pelo menos aquilo que eu aprendi foi a importância daquilo que é a paixão, daquilo que nós somos realmente capazes de fazer e isso eu aprendi imenso com o João Mota e com a minha mãe, também, porque a minha mãe é muito assim. Cresci com a sorte de ter na minha mãe uma pessoa lutadora, muito corajosa e muito verdadeira perante quase tudo.

A nível de formação o João Mota foi muito importante, porque já era adulta (quase), tinha vinte anos, e foi muito, muito importante naquela altura em que achamos que somos todos brilhantes e deuses e vamos todos os dias aparecer na capa de uma revista. E nesse curso de Teatro aprendi outra coisa: ganhei confiança em relação aos outros, porque eu sou muito tímida e então o ter que me expor ajudou-me imenso. Eu era muito tímida e ter feito o curso de teatro (dois anos antes de ter começado a trabalhar em televisão como produtora) ajudou-me imenso.

Foi, ainda, fundamental para perceber as necessidades dos técnicos, dos actores, da estrutura de equipa. Quem está no topo desta hierarquia de programa ou de que trabalho seja, às vezes não se dá conta que é fundamental a senhora das limpezas que limpa a entrada para nós podermos…

FL - …que mexe as engrenagens…
 

AA –Exactamente. Que somos todos, todos, todos importantes. Claro que depois as responsabilidades são diferentes, mas é importante as pessoas perceberem que quem está no topo tem imenso trabalho e precisa do nosso trabalho de formiga- as pessoas que estão por trás das câmaras são as verdadeiras formiguinhas, e depois há pessoas que dão a cara por aquela equipa toda.

Há dois jornalistas com quem eu tive oportunidade de trabalhar e que gostei muito: o Vítor Bandarra e a Fernanda Mestrinho. Ensinaram-me que é bom ser-se verdadeiro, um bocado na continuação daquilo que a minha mãe e o meu pai me ensinaram, depois o João Mota, na nossa profissão. Eles ensinaram-me imensas coisas sobre honestidade e de como são apaixonados pelo trabalho. Os outros com quem trabalhei também são bons jornalistas, mas estes dois foram , para mim, as pessoas que viviam aquela profissão com paixão.

Era uma verdadeira entrega e isso percebia-se. Quer um quer outro são pessoas também muito tímidas, mas depois quando chegava a altura de apresentar os programas (e eram em directo) era de um brilho, uma luz que ficava… Uau!Que trabalho extraordinário!!!

Isso aconteceu em alguns programas e foi muito bom. É o equivalente a quando cozinho para os meus amigos e depois fica tudo “Uauuuuu, que bom!!!” É uma vaidade tremenda (porque eu também sou um bocadinho vaidosa), mas é realmente bom ver o gozo que determinadas coisas podem – quando eu digo coisas é de trabalho e de envolvimento e de preparação – podem provocar nos outros, porque o retorno eram as pessoas que, ou escreviam emails, ou escreviam cartas ou que se sentiam agradecidas por se falar em determinado problema com alguma honestidade e com algum rigor, sem ser aquela coisa de “Vamos provocar lágrimas, porque isso vende”. Havia cuidado: “Ok, as pessoas podem chorar, mas depois não se vai explorar esse o lado”. É fazer notícia. Foram duas boas referências para mim, no trabalho.

 
As tintas, as cores e a viajante...
A Alda adora pintar, mexer em pincéis, misturar cores, sujar-se de tons. Os mesmos que encontra na forma de entrar noutras culturas... Ela é uma viajante.
 

FL - Também tens algumas dessas sensações quando te sujas toda com as tintas? Gostas mesmo de te sujar com as tintas, não é?

AA - Sim, adoro, adoro.

FL - Pelo que sei, mais do que pintar, tu gostas mesmo de te sujar com as tintas!

AA - E agora tenho essa sorte com os meus alunos. Há uma turma que é do segundo ano (1º ciclo), que é especial, quanto a mim são potenciais artistas, todos eles! Porque são muito empenhados, muito criativos, e muito responsáveis. Têm uma noção de trabalho de equipa enorme e existe aquele prazer (parece-me que até aos dez anos), de sujar pelo prazer de sujar e não haver a preocupação de sujar. Tenho sentido que isso acontece, e tenho imensa sorte porque posso fazer tudo isso porque os tenho. Ou seja, eles servem, são a minha desculpa para eu poder…

FL - Brincar um bocado...

AA - É o lado divertido de “poder”… É como se estivesse à descoberta das coisas, tipo: imagina se tu tiveres uma lata de tinta à tua frente ou se tiveres uma lata de pó concentrado de chocolate ou de qualquer coisa, se estiveres disponível para criar e para inventar, acabas por descobrir coisas divertidíssimas.

Aqueles exercícios que se faz com os miúdos, das manchas, pôr tinta, dobrar a folha e fazer desenhos é assim, inimaginável aquilo que se consegue, porque depois há o cuidado de eles tentarem desenhar, há o gozo de quando as coisas estão todas a correr muito bem, depois há um traço de tinta que sai e depois nos suja e ficamos com as mãos sujas, depois voltamos a trabalhar naquilo que já estamos a trabalhar, então para além da mancha que estamos a fazer já há outra mancha que é a da nossa mão, dos nossos dedos...

Lembro-me de ver coisas em televisão, do prazer que os miúdos têm, bebézolas a nadar dentro das piscinas, acho que é equivalente. Se tiver de arranjar um exemplo para te dizer o prazer que me dá estar a trabalhar com tintas, o cheiro da tinta, o cheiro dos vernizes, dos diluentes, é o equivalente à satisfação que vejo nos bebés com meses, a nadar em piscinas e é muito aquele anúncio que havia da Expo, sabes? Daqueles bebés todos... o exemplo é esse. O prazer, o cheiro, tudo, são todos os sentidos que estão ali, todos. A imagem daqueles bebés da Expo é isso que me provoca. Como o que me provocam as tintas!

FL - E as viagens, também te provocam alguma coisa parecida com isso? És uma viajante quase que profissional.

AA - Eu adorava…

FL - Gostavas muito de ser viajante profissional?

AA - Adorava!

FL - Mas falta-te o sítio onde mais gostavas de ir, que era a Índia – julgo saber.

AA - Eu já estive na Índia. Estive…

FL - Estiveste em Goa...

AA - Estive em Goa, estive em Bombaim. Mas tenho alma de viajante e adorava estar na Índia, em todos os Estados do país durante um tempo, um tempo que seria um tempo grande porque quando eu estive em Goa e Bombaim foram experiências inimagináveis. É um bocado como as latas de tinta, sabes? São coisas que só estando lá.

Quem é viajante e já esteve muito na Índia, pelo Nepal e pelo Tibete, sabe que há coisas que só estando é que se consegue sentir e perceber. E viajante, sim, eu adorava ter como profissão viajante, adorava. Porque eu não sou nada turista, eu sou mesmo viajante. Quando viajo não vivo como aquelas pessoas, porque não estou lá a trabalhar e a viver, mas durante o tempo de estada tento fazer ao máximo a vida que elas fazem, ou seja, apanho autocarros, vou de metro, ando de transportes públicos, vou aos mercados...

Os mercados para mim são como ir a um museu, é como vir aqui ao CCB, e é necessário. Adoro aqueles cheiros todos que os mercados têm e aquela azáfama das pessoas, de quem compra, de quem vende. Faz-me lembrar a primeira vez que eu fui ao Porto, era muito pequenina, fui ao Mercado do Bulhão e aquilo para mim foi assim... um mundo. É tão mágico, tão mágico que é o que eu acho que acontece para quem viaja e descobre coisas nos outros países.

Quando estive em Goa, o prazer que me dava estar nos mercados e ver aquela gente toda a negociar foi quase tão intenso como em Fez, naqueles souks. É muito mágico. Mas na Índia fiquei chocada; como tu sabes eles têm aquela coisa das castas e lembro-me da primeira vez que vi ter ficado horrorizada: uma criança magricela, magricela que percebia-se que não… que devia comer um prato de arroz, com sorte, por dia e uma indiana toda muito gorducha, toda muito anafada, andava com as crianças às compras e o miúdo (devia ter sete anos, oito anos) muito magricela, a carregar os sacos que aquela mulher ia comprando. O miúdo, ia levando, ia levando... e mal podia andar. Lembro-me de ter ficado muito, muito chocada com essa imagem.

Nessa mesma viagem chocou-me outra situação. Não sei se é em todos os Estados na Índia, quando eles roubam, cortam-lhes dedos, mãos... Lembro-me de estar a jantar num sítio lindíssimo, num restaurante também muito lindo e ao lado um indiano roubou um turista. Foi apanhado pela polícia e estava a família toda em gritaria, porque ele ia ficar sem mãos, porque tinha assaltado. Então eu estava a jantar com uns indianos e eu fiquei chocada com o que estava a ouvir, com aquela gritaria toda e eles disseram-me que aquilo era normal e que se eles roubam é porque não têm medo nenhum de ficar sem as mãos. E aquilo que para mim foi (e é): “Que horror, ficar sem mãos?”.

FL – Mas essa é também a grande vantagem de viajar e de conhecer outras culturas: percebermos essas diferenças e pensarmos sobre a maneira como vivemos.

AA - Sim. Há outra vantagem que é, apesar de não concordarmos com as coisas que sabemos que às vezes fazem em determinados países aprendemos a respeitar. Aquilo é tudo muito desumano, ou pelo menos era-o o que iam fazer àquele homem, mas depois é a realidade dele. Então se ele decidiu arriscar, no fundo não está a ser punido? Só arriscou e teve azar, não é? Porque foi apanhado, porque senão... não só não ficava sem mãos como ficava com uma câmara fotográfica óptima e provavelmente podia ir comprar arroz para os filhos dele. Porque eu acho que há muita gente que rouba, não com intenção de matar, mas com intenção de comprar comida para os filhos. Penso muito que deve ser miserável teres vontade de comprar comida para os teus filhos e não poderes.

 
Os Cinco sentidos num “Guacamole”
Ela é Televisão, Culinária, Viajante (bom... de alma... mas tem vindo, e bem, a conhecer o Mundo), mas é numa receita mexicana que encontra vários sentidos.
 

FL - Temos a conversa, foi mesmo uma conversa, e o tempo passou com uma rapidez incrível. Gostava que nos deixasses a sugestão de um prato que te dê um prazer especial confeccionar.

AA - Eu… adoro fazer guacamole.

FL - E eu posso dizer que o teu guacamole é absolutamente maravilhoso!
 

AA – Adoro! E vou explicar-te, não é truque nenhum. Sabes, eu cozinho sempre com luvas e tenho imenso cuidado. Mas ao fazer o guacamole, é um prazer enorme em desfazer aquelas pêras abacates com as mãos. Então é tremendo, porque depois é a minúcia de cortar os legumes pequenininhos que dão o sabor e quase que não se percebem, que dão colorido e fica muito bonito porque é a mancha…

Mas há determinadas coisas que a nível de cozinha resultam muito bem, porque há algum cuidado, imagina: o Guacamole tem aqueles ingredientes base que toda a gente sabe, a cebola, o tomate, as pêras abacate e as malaguetas. E depois as pessoas podem cortar o tomate com pedaços de dois centímetros ou cortarem com pedaços de meio centímetro.

E se cortarem com o pedaço de meio centímetro, a mistura fica muito bonita porque tu tens pequenos detalhes de tomate, tens do pimento também, é uma harmonia, sabes?! Agora se cortarmos as coisas com grandes pedaços de cebola e de pimento e de tomate, fica tudo tão… tão grotesco e eu pessoalmente não gosto.

Então, fazer Guacamole dá-me imenso gozo porque é desfazer tudo com a mão, aquela pêra fica toda muito... é moldar, é como se estivesses a moldar, como se fosse tinta também porque as tintas têm alguma plasticidade, então é estar a mexer e é cor, é ficar com as mãos sujas, é ver um trabalho de moldar e de criação de um determinado prato. Depois, eu acho que o Guacamole é óptimo, uma das coisas que eu adoro fazer e adoro comer, apanho barrigadas de Guacamole, mas mesmo barrigadas, barrigadas.

FL - Com quanto tempo é que as pessoas têm que pedir, com quanto tempo de antecedência para preparares uma refeição?

AA - Há algumas pessoas a comprar regularmente as refeições delas por semana. Há um dia que as pessoas encomendam e depois passados uns três dias é que entrego...

FL - É o dia do jantar Alda Areal!

AA - ... Depois, há as pessoas que precisam de organizar uma festa e isso combina-se com alguma antecedência, porque uma coisa é nós comprarmos as nossas refeições para a semana para não termos trabalho, ou porque não temos tempo para cozinhar, ou também não sai assim tão mais caro às vezes comprar e é o tempo de preparar.

Mas é muito o gozo de preparar as festas. Imagina que alguém quer fazer uma festa de aniversário, ou uma festa sobre o México ou sobre o Peru, ou sobre o que seja, então é organizar e fazer pesquisa de ementas para aquela festa. Isso acontece e é bom, porque é um trabalho de pesquisa, é um trabalho de experimentação.

Lembro-me de ter feito há pouco tempo a festa de um guineense, o Dedé, e de lhe ter perguntado o que é que ele adorava comer quando era pequenino (porque eu acho que as lembranças e o gosto de se comer têm a ver com a nossa infância. Não sei se tem ou não, mas eu sinto que tem). E ele falou-me de uma galinha que a mãe fazia, com manteiga de amendoim, lembrava-se mais ou menos, mas não sabia como é que se fazia.

Então estive uns dias à procura de receitas guineenses em que falassem daquela tal galinha. Quando foi o jantar de anos dele, no dia seguinte estava… tinha estado “na Lua”, todo todo o jantar, porque me disse: “Olha, os sabores da galinha são iguais aos da galinha da minha mãe, era tudo igual.” Não sei se eram as saudades que ele tinha daquele prato, ou de não saber fazer ou de as coisas estarem realmente como eram quando ele era mínimo.

Mas isso dá uma tremenda felicidade: preparar alguma coisa que vá de encontro aos sabores de infância, àquilo que nós imaginamos que possa ser. Esse é o maior presente que eu tenho quando cozinho para os outros, para as pessoas. Tenho amigos meus que dizem: “Olha, preciso de comida para o mês: organiza”. É aquela planificação que eu adoro enquanto produtora: então hoje é sopa disto, depois é peixe, depois é carne. Tenho outros amigos que refilam: “Mas quando é que volto a comer aquele prato?!”. Porque, ao planificar as refeições para eles, até consigo que nem se repitam.

Adoro cozinhar, adoro inventar e acho que às vezes com os mesmos produtos consegue fazer-se sempre coisas diferentes. É como as telas e as tintas, tu com uma tela e com as tintas estás sempre a produzir coisas diferentes. Quando digo telas, digo uma superfície para poderes desenhar ou para poderes pintar, não têm que ser telas, pode ser o que se queira, mas desde que tenhas uma superfície para desenhar e pintar, fazes sempre coisas diferentes.

 
::topo::
 
Livros e Disco

FL - Para terminarmos: o teu nome, o teu apelido de família está ligado às Artes - a editora Areal tem a ver com a tua família, por exemplo. Isso leva-nos às últimas questões desta nossa conversa... julgo saber que tens uma - acho que posso dizer - paixão por Lobo Antunes, não é?

AA - Tenho.

FL - E que tens um prazer por um determinado poema do Eugénio de Andrade, que se chama “Adeus”, que, curiosamente é dos meus preferidos, e dos que leio frequentemente em público. Tinha-te pedido para escolheres um disco e um livro para sugerires aos nossos leitores e não sei se algum deles coincide com algum destes autores. Provavelmente não, mas gostava que começasses precisamente com os livros.

AA - Os livros… Vou dizer-te outros autores que também amo profundamente. O Lobo Antunes e Eugénio de Andrade, sim, e a Agustina sim, são os meus eleitos portugueses, mas há uns outros que leio com bastante frequência quando ando assim perdida das minhas coisas, que são o Herman Hesse e a Virgínia Woolf…

Há muitos outros, mas estes ajudam-me a pôr outra vez ordem na minha vida. É como se fosse um caminho espiritual, uma terapia espiritual ou um yoga, destas coisas todas muito novas que há para aí, que para mim são já muito antigas a nível de aprendizagem.

E depois as músicas: tenho vindo a descobrir (que eu acho que também tem a ver com a idade) a música brasileira, e tenho descoberto coisas muito interessantes. Por outro lado, a última coisa que eu gostei muito é de um grupo belga chamado Think Of One, que andou a fazer um trabalho de pesquisa musical pelo Brasil e tem um CD que se chama “Tráfico”.

Aconselho também o último CD do Chico Buarque e há um DVD que eu acho que é extraordinário, muito bem feito que é que o “Carioca” , também do Chico Buarque. É um trabalho de estudo e de preparação deste álbum que eu acho que é muito esta nossa conversa, sabes, de trabalho de equipa de descobrir os sons dos outros, de permitir que os outros brilhem.

E depois é este CD do “Tráfico” que tem assim sonoridades, sabes, aquelas coisas que são deles, muito africanas, muito… está tudo lá!
 
Contacto Alda Areal: 917 881 324
 
::topo::