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O Meu Primeiro Larousse de Contos
Coordenação: Brigitte Bouhet
Editora: Campo das Letras
 

Os livros de contos para crianças estão cada vez mais apetecíveis. Basta darmos uma vista de olhos nos expositores para disso nos apercebermos. Aquele de que vos falo, e que inicia, não por acaso, esta rubrica, é disso um bom exemplo: capa dura com uma ilustração atractiva e de qualidade (dois factores que nem sempre andam juntos) e que se fecha como um diário através de um sistema simples de velcro.

E é aqui que acabam as semelhanças com a maior parte dos livros infantis que por aí circulam. O Meu Primeiro Larousse de Contos é uma antologia de dez das histórias que as nossas crianças melhor conhecem… em versões canónicas. “A Branca de Neve” dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, “A Gata Borralheira”, “A Bela Adormecida no Bosque” ou “O Capuchinho Vermelho” de Charles Perrault, “A Princesa e a Ervilha” de Hans Christian Andersen, entre outras. Textos fundamentais para percebermos que a Gata Borralheira não precisa de se chamar Cinderela e que Perrault lhe deu o lindíssimo subtítulo de “O Sapatinho de Pele de Esquilo” porque, obviamente, o mesmo não era de cristal…

Mas se há neste livro contos que terminam com “e viveram felizes para sempre”, preparem-se para o choque:
“E, ao dizer estas palavras, o malvado lobo atirou-se ao Capuchinho Vermelho e comeu-a.”
Termina assim, sem caçador nem nada que lhe valha, o conto respectivo, com o lobo mau a digerir avó e neta.

Por isso mesmo este livro não é para comprar e ir a correr dar às crianças. Deve ser lido (como qualquer livro infantil) antes de ser dado ou contado. E a sua importância maior é que nos traz versões de contos, alguns deles intemporais e existentes em culturas muito díspares, mas que em determinado momento foram fixados por autores canónicos.

Ou seja, se está baralhado com as quinhentas e quarenta e sete versões que conhece do Capuchinho Vermelho (algumas delirantemente deliciosas), aqui tem uma que pode considerar oficialmente reconhecida. No fundo, trata-se de algo como ler a Bíblia, depois de conhecermos muitos dos seus episódios no cinema, no teatro ou em edições condensadas. Até porque este volume, muito bem ilustrado por vários autores, deve ser uma autêntica bíblia para professores, educadores, bibliotecários, contadores e todos aqueles que trabalham regularmente com os contos.

Já agora, não se preocupe: uma vez conhecidos os textos e preparado para os argumentos de que “a história não é assim”, não hesite em dá-los a ler às suas crianças: elas vão perceber que ser comido pelo lobo é o que pode acontecer a quem não tem cuidado e que outrora se usavam peles dos animais não por vaidade mas por falta de outros materiais.

 
Nuno Garcia Lopes
 
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